domingo, 19 de julho de 2015

O homem velho

O tempo passou para ele. O homem está gasto. Na blusa de frio, cheia de pequenos rasgos - gola, ombro e cotovelo. Na botina cano curto, sola carcomida, um lado menor que o outro. Nas mãos, levemente trêmulas. Na pele, enrugada. Na calça, velha. Nos cabelos, brancos e ralos. No repertório, antigo e resistente. Ele grita "isso é Brasil" ao ouvir Ernesto Nazareth. Nas emoções - chora junto com o músico diante da valsa. Menos os olhos. Estes, seguem. Cobiçosos. Menos a música. Ele carrega o cavaquinho para tocar aqui, ali.

(Inspirado em personagem real que frequenta as rodas de choro da Biblioteca Mário de Andrade)   

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