quarta-feira, 1 de julho de 2015

Um abraçaço

A caminho do trabalho, no Centro de São Paulo, observo um velho japonês, de óculos modernos. Ele caminha com dificuldade. Os passos são curtos, meio arrastados, de soquinho. Eu pensava nas contas a pagar. Olhei rapidamente. Também rapidamente, pensei no passado daquele senhor, agora caminhando sozinho. Sempre penso no passado dos velhos e velhas que agora caminham sozinhos.
Então ele me abordou.
- Onde vai assim?
Assim como?
De xale verde, cabelos molhados do banho, calça jeans um pouco justa, sapatilha preta, batom rosinha, preocupada com o mês que não fecha.
- Vou trabalhar.
- Onde?
- Logo ali em frente.
- Ah, bom trabalho. E me dá um abraço.
Eu dei.
E ele continuou seu caminho, sorridente.
Eu também.  

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