quarta-feira, 12 de março de 2014

Exuberante, Brotas não é só esporte de aventura

É ótimo o slogan utilizado por um site de Brotas (localizada a 247 km de São Paulo) para atrair os praticantes do chamado turismo de aventura: "Oferecemos casa, comida e roupa suja". A hospedagem (casa) é garantida por uma rede de hotéis fazenda, pousadas econômicas, confortáveis, requintadas, eco resorts, campings, casas e chácaras. Comida boa também não falta. Ao longo do tempo, a cidade se estruturou no setor, inclusive com opções para os paladares mais exigentes. A roupa suja, bem... Quem já participou de atividades na cidade sabe bem o que o slogan quer dizer. Quem nunca participou, não sabe o que está perdendo. Mas o fato é que Brotas não oferece só aventura. É um ótimo lugar também para quem quer apenas descansar e contemplar a natureza. Ou passear com as crianças. Ou passar dias saboreando a comida típica da fazenda. Ou fazer tudo isso e mais: caminhar, nadar no rio ou nas piscinas dos hotéis e resorts e até ir ao cinema. Hotel e ao mesmo tempo fazenda, o Areia que Canta agrada justamente esse tipo de público. Ali é possível viver a rotina típica de uma propriedade rural, mesmo que seja apenas num final de semana e com todo o conforto proporcionado pelos apartamentos, piscinas (uma aquecida) e restaurante com comida camponesa. A história do lugar é saborosa. Aos 25 anos, casado, o agricultor José Farsoni sustentava a família e cuidava da fazenda Tamanduá, herdada do avô, imigrante italiano que faz parte da saga de Brotas. Sem querer, a família dava os primeiros passos para a exploração turística de seu patrimônio. Em área comprada na década de 1950 e agregada à fazenda fica a famosa nascente "areia que canta", antes conhecida como areia de tatu, por causa do grande número de animais existentes no local. Localizada numa área de mata preservada, a nascente brota no meio de uma areia branca, de grãos de quartzo. Friccionados, eles produzem um som que deu origem ao nome do local. Pai dos atuais proprietários do Hotel Fazenda, o velho José resistiu muito à exploração turística da propriedade rural. No passado, era comum visitantes pedirem para conhecer a "areia que canta". Alguns deles, no entanto, deixavam sujeira e bagunça. O fazendeiro preferia não divulgar a atração. Também estranhava a ideia de cobrar pelas visitas. Então surgiu uma solução, vinda de Andrelina, a matriarca: fornecer um café colonial aos visitantes e aí sim ter um motivo para cobrar. Os grupos começaram a ser recebidos na varanda em 1994. Com o tempo, foi preciso ampliar a estrutura e construir chalés, piscina, salão de eventos o restaurante colonial e apartamentos. Virou, de fato, um hotel. Cavalgadas, pedalinho, jogos, pesca e ordenha estão entre as opções de lazer. A "areia que canta" fica a dois quilômetros do hotel e há visitas monitoradas e com regras, como não usar filtro solar para entrar na água. Ficar na tranquilidade de um hotel fazenda, no entanto, não significa dispensar as aventuras. As agências especializadas têm serviço de transporte para os turistas interessados em praticar rafting, bóia-cross e canoagem. Brotas oferece matas, serras, rios, cachoeiras e trilhas para todos os gostos. E também um cinema restaurado e mantido pelo cantor Daniel, que é da cidade. O Cine São José, da década de 1950, foi reinaugurado em 2009, com a presença de amigos do cantor, como a apresentadora Xuxa. Na telona, o filme "O Menino da Porteira", protagonizado por Daniel. Os "meninos da porteira", aliás, fazem parte do cenário de Brotas. Muitos dos instrutores de aventura de hoje foram crianças que brincavam livremente nas matas, rios e cachoeiras. Ou seja, conhecem como ninguém aquela beleza toda.

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